segunda-feira, 6 de junho de 2011

Minha Vida - Liberte As Emoções Reprimidas!

Chore. Não tenha receio de demonstrar seus sentimentos. Viva cada lágrima com a devida intensidade. A vida não pode ser reprimida. Nossas dores e temores, anseios e fracassos, erros e descaminhos são parte integrante da jornada de todos e de cada um de nós. Muitas são as pessoas que literalmente "represam" seus sentimentos e acabam se tornando amargurados e infelizes seres a perambular pelos quatro cantos desse imenso planeta.
Ria. Dê altas gargalhadas. Se permita sorver cada momento feliz de sua existência sem ser tolhido pela presença de outras pessoas. Quantas não foram às vezes em que antes de soltarmos o riso franco tivemos a preocupação de olhar de lado e avaliar se nossa alegria seria bem recebida. Liberte-se dessas "neuras" e divirta-se com cada instante de sua vida, eles não retornam jamais...
Não podemos perder tempo. Se há mágoas que nos tornam infelizes temos que desatar esses nós e resolver as diferenças para não acumular precocemente mais e mais rugas em nossa testa. Não deixe que uma grande amizade termine porque algumas palavras foram proferidas fora de hora e de contexto. Tenha coragem de pedir perdão sempre que for preciso e necessário para manter os mais preciosos elos que nos unem a vida.
"Minha Vida", filme de 1993, estrelado por Michael Keaton e Nicole Kidman, nos coloca em contato com uma emocionante história em que aprendemos a valorizar cada minuto de nossas existências a partir de um drama pessoal que pode acontecer com qualquer um de nós, o surgimento de uma doença terminal...
Quantas pessoas já não foram surpreendidas por notícias de tal natureza em suas vidas? Amigos, parentes, colegas de trabalho ou até nós mesmos passamos por situações de saúde extremamente difíceis e nos apegamos à vida, enfrentando a doença com todas as nossas forças e relembrando a cada momento tudo o que vivemos, remoendo as mágoas ou saboreando nossas memórias felizes...
Por que será que temos que passar por situações tão delicadas e dolorosas para nos dar conta do quanto à vida é maravilhosa. Experiência única, sem bilhete de volta, tantas são as pessoas que desperdiçam oportunidades de aproveitar ao máximo os preciosos minutos que lhes são concedidos em suas existências...
Pais e filhos que brigam entre si e deixam de se falar. Amigos que se distanciam em virtude de desavenças tão insignificantes que tempos depois ninguém se lembra ao certo os motivos da separação. Equipes de trabalho que se desfazem em virtude de divergências que poderiam ser resolvidas com algumas conversas e um pouco de bom senso e jogo de cintura...
Já vivi todas essas situações e lhes garanto, é pura perda de tempo. De um tempo precioso que não retorna jamais, como afirmei no princípio desse texto. "Minha Vida" não é apenas um filme que nos leva as lágrimas, deve ser também um libelo em favor da vida e de um melhor aproveitamento da mesma por cada um de nós... Prepare seus lenços e embarque nessa dramática história...

O Filme
Bob Jones (Michael Keaton) está doente. Restam-lhe poucos meses de vida. Executivo bem-sucedido, casado com uma bela e compreensiva mulher, morando numa casa espaçosa que tem um amplo e bonito jardim, Jones tem tudo aquilo que esperamos conseguir em nossas vidas. Ou melhor, quase tudo...
Ironicamente o destino lhe pregou uma grande peça. Ao mesmo tempo em que sua doença se manifestou, sua esposa Gail (Nicole Kidman) ficou grávida. Bobbie ganhou um grande presente e nem poderá aproveitá-lo. A chegada de seu herdeiro tinha que coincidir com a sua partida dessa vida?
Apesar de tudo, Jones não perdeu a esperança de conhecer o filho. Por precaução, decidiu gravar fitas e mais fitas de vídeo através das quais irá se apresentar ao filho. Nessas gravações pretende colher o depoimento de amigos, parentes e colegas de trabalho com os quais convive para que outras pessoas possam contar a seu filho um pouco da vida do pai que não conhecerá...
Preocupado com o bebê que está para nascer, Jones se mostra um tanto quanto amargurado e as nuances de seu humor registram essa sua desesperança quanto ao futuro. Apesar de todo o apoio de sua mulher, a ironia e o cinismo marcam as falas do personagem que tenta, a todo custo, rir de sua própria desgraça.
Como a medicina convencional já não responde satisfatoriamente no combate ao câncer que o consome, Jones procura apoio na medicina alternativa. O contato com o médico oriental Sr. Ho (Haing S. Ngor) o conduz a conclusão de que suas dores e condição terminal estão relacionadas ao afastamento da família (pais e irmão), a dedicação integral ao trabalho e a não demonstração de seus sentimentos...
Há remédio para isso? O que Jones terá que fazer para melhorar sua condição? Será possível vencer o câncer? Caso isso não possa acontecer, como o personagem poderá descansar em paz e não sofrer tanto em sua doença?
"Minha Vida", dirigido por Bruce Joel Rubin, leva as platéias as lágrimas por nos fazer pensar em como somos frágeis. A brevidade da vida e a força das relações humanas também nos emocionam por aproximarmos tudo o que acontece na tela ao cotidiano de nossas vidas. Mais do que reflexão, o filme pede mudanças de rumo e nos remete a uma necessária mudança em nossas vidas e relações...


Para Refletir
1- A vida nos lança desafios diários e como reagimos? Pare e pense a respeito. Será que você os enfrenta, busca soluções novas, pensa de forma otimista em relação aos embates cotidianos que trava em sua existência ou, por outro lado, você reclama, acha ruim, pensa que essas coisas só acontecem com você ou ainda que é difícil resolver tal situação? Será que os dilemas e questões não são oportunidades para o nosso crescimento? Pare de reclamar, pense nessas situações como grandes chances, bote seu cérebro para funcionar e aproveite para aprender e crescer com todas as experiências que a vida lhe concede. Garanto-lhe que cada novo dia será uma inesquecível parte de suas lembranças e não uma página a ser virada e para sempre deixada para trás...


2- Nas escolas ensinamos a lógica, a métrica, a rima, os fatos, o relevo, o funcionamento do corpo humano ou ainda os nomes de rios, países e pessoas importantes para a história. Não ensinamos a amar, respeitar, fazer amigos, relacionar-se bem com os outros, chorar, rir ou curtir a vida. Nossas escolas são, em muitos casos, desprovidas de sentimento. Lugares frios, sem paixão, sem consideração. Chamamos os alunos por números. Mal temos tempo para lembrar seus nomes, pois temos que nos preocupar com as atividades e conteúdos programados. Tudo aquilo que não consta do planejamento temos que ensinar a partir de nosso comportamento, de nossa ética ou de nossa filosofia de vida. Será que estamos preparados para isso? Sua escola acolhe os alunos ou os trata apenas como números? O que podemos fazer para melhorar as relações dentro da escola e valorizar a experiência educacional, indo muito além das atribuições óbvias?


3- Programe uma sessão de cinema na escola trazendo os pais e apresente o filme "Minha Vida". Peça a presença dos alunos ao lado de seus familiares. Converse com toda a plateia logo após a apresentação do filme. O tema principal desse debate é a família, as relações entre pais e filhos, a proximidade que já não existe, o diálogo que nunca se firmou. O que aconteceu com a família no século XXI? Por que estamos tão distantes mesmo quando parecemos tão próximos? O que podemos fazer para melhorar a vida em família?


4- Chore. Ria. Ame. Fale abertamente o que está pensando. Deixe as emoções fluírem. Pise em solo novo. Experimente novas sensações. Não tenha medo de errar. Comece tudo outra vez. Converse sempre que puder. Viva cada momento como se fosse o último. Saboreie cada situação. Sorria para o mundo e, sem dúvida, o mundo irá sorrir para você. Não deixe para dizer que ama alguém apenas amanhã (será que teremos esse privilégio?). A vida é muito curta e temos que aproveitar cada minutinho desse grande presente que nos foi dado...


Ficha Técnica
Minha Vida
(My Life)
País/Ano de produção: EUA, 1993
Duração/Gênero: 102 min., Drama/Romance
Direção de Bruce Joel Rubin
Roteiro de Bruce Joel Rubin
Elenco: Michael Keaton, Nicole Kidman, Haing S. Ngor, Bradley Whitford, Queen Latifah, Michael Constantine, Rebecca Schull, Mark Lowethal, Toni Sawyer.

João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
Link para download do filme: http://www.megaupload.com/?d=79N1CVH0

4 comentários:

  1. Olá Denilson,
    Eu vi o filme. Divino!!!
    Na escola ensinamos conteúdos, mas há "espaço" para treinar e moldar afectos?
    Se fizesse na escola a tal sessão de cinema, quantos encarregados de educação apareceriam? Os pais dos nossos melhores alunos, decerto.
    A vida é uma coisa maravilhosa!!!!!
    Bjs com luz.

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  2. LUZ, como sempre você por aqui com suas palavras precisas.
    Infelizmente,não há treinamentos de emoções na escola, começando pelos professores, muitos sofrendo da síndrome de Burnout!
    Grande parte dos pais não gerenciam suas personalidades, refletindo na relação com os filhos, atribuem suas responsabilidades à escola: o dever de educar, esta, por sua vez, não sabe como agir duplamente, ou seja, educar e ensinar!
    Clamamos por urgente mudança no campo educacional!

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  3. Nossa!Que lindo!!!
    Amei cada palavra...È uma pena que os pais não tenham acesso a tudo que você relatou...Realmente precisamos de professores como você...ESPECIAL...Te admiro muito amigo!Parabéns!

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  4. Obrigado minha querida.Você também é muito especial, humana! A recíproca é verdadeira!
    Abraços carinhosos

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