Mostrando postagens com marcador Miscelânea Textual. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Miscelânea Textual. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O menino que fui volta sempre em Dezembro


Não sei se dezembro mexe com vocês como mexe comigo. Provavelmente não. Amar dezembro como eu o amo, esperá-lo como eu o espero, senti-lo como eu o sinto, reconheço que parece coisa de criança. E é. Às vezes, o menino que eu fui há tanto tempo volta e assume a direção do homem maduro que eu já deveria ser. Em dezembro o menino sempre vem. Vem e altera minha vida.

Logo nos primeiros dias do mês, já acordo diferente. As notícias do rádio, da TV e do jornal são aquelas de sempre: doença, miséria, fome, tragédia, desgraça, destruição. Há quem mata por nada. Há gente humilhada, gente ofendida, gente espezinhada, gente ressentida. Pessoas que acham o otimismo um escárnio e consideram a felicidade só uma palavra longa, sem nenhum significado. Gente que sofre em dezembro tanto quanto sofre todo mês, de janeiro a novembro. Eu sei. Mas em dezembro eu sempre acredito que nem tudo esta perdido, que alguma coisa pode mudar. Defeito? Acho que sim. Ingenuidade? Creio que é. E tenho certeza de que herdei os dois, o defeito e a ingenuidade, de minha mãe.

Quando chegava dezembro, minha mãe esquecia as mágoas, fingia não estar sentindo mais a sinusite que atormentava os seus dias e concentrava-se toda nos preparativos para o Natal. O Natal, para ela, eram os presentes, a árvore, os enfeites, a ceia, as nozes, o doce de semente de papoula cuja receita, uma preciosidade, tinha atravessado o mar e chegado com a família ao Brasil. O Natal era isso tudo e, mais importante, eram os filhos reunidos todos em volta da mesa, tentando esconder as lágrimas trazidas pela simples, mas comovente Noite Feliz.

Chorávamos todos, no Natal, e sabíamos muito bem por quê. Chorávamos porque pressentíamos que um dia nos faltaria até aquele raro momento de comunhão, aquele instante único no ano, fruto da tenacidade daquela mulher que, chorando mais do que todos nós, dava graças a Deus por ter conseguido de novo, pelo menos por uma noite, colar os estilhaços de sua família. Ela procurava nos ensinar, Natal após Natal, que tínhamos nascido para viver juntos. E nós sabíamos que passados aqueles instantes mágicos, voltaríamos a nos estranhar, a nos maldizer, a nos afastar. Sabíamos que, um dia, não pousariam mais sobre nós aqueles olhos azuis, que não nos reuniríamos mais sob o irresistível apelo daquela doce voz.

Minha mãe amava dezembro porque dezembro era o mês do Natal e porque acreditava que, na época do Natal, as pessoas se tornavam melhores e os milagres se tornavam possíveis. De janeiro a novembro, pedir-lhe algo que não pudesse dar era deixá-la triste. Em dezembro, era deixá-la arrasada. Ela sempre achou, até o fim, que no mês do nascimento de Jesus, não se devia negar nada a ninguém.

Conhecendo essa fraqueza do seu coração, eu lhe pedi uma vez, num longínquo dezembro, que ela me trouxesse do centro, onde ia fazer as últimas compras para o Natal, um almanaque de histórias em quadrinhos. Foi pura maldade do menino que eu era. O almanaque era caro e eu não ignorava que o dinheiro para a ceia do dia 24, arrancado com tanto sacrifício do meu pai, estava bem mais curto do que em outros anos. Foi o que ela me disse. Insisti, bati o pé, chorei. Quando saiu, ela estava quase chorando também.

Algumas horas depois, quando ela voltou e começou a colocar os pacotes em cima da mesa, eu não lhe dei tempo nem de tomar água. Quis logo saber se havia comprado o que eu tinha pedido. Suspirando, ela, do fundo de uma sacolinha, puxou o almanaque. Só então eu notei que suas mãos e seus braços estavam feridos. Baixando os olhos, vi também dois machucados enormes nos joelhos. Perguntei o que tinha acontecido e minha mãe me contou que, quando o bonde tomado por ela na Praça da árvore se pôs em movimento, meu almanaque havia deslizado do seu colo e caído na rua. Prevendo que eu não ia acreditar naquilo, ela, desesperada, saltou do bonde e estatelou-se com os pacotes no chão. Por pouco não foi atropelada por um carro. O motorista, furioso, tinha xingado minha mãe de louca. Vendo-a desamassar cuidadosamente os pacotes, senti que o motorista não tinha errado ao xingá-la. Ela era louca, sim. Louca de amor pelos filhos, pela família, pelo Natal.

Desde esse remoto dia, toda vez que dezembro vem eu lamento não ter herdado um pouco mais dessa saudável loucura, um pouco mais dessa bendita ingenuidade de minha mãe. Gostaria de sonhar, com a mesma intensidade com que ela sonhava, gostaria de acreditar, com a mesma intensidade com que ela acreditava, que em dezembro os milagres são possíveis, que em dezembro tudo pode mudar.
Raul Drewnick. (06/04/1994).Assista ao vídeo desse texto

httpsyoutu.be/iibcjzmxfkE

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Livro Aberto

A rua é um livro aberto.
O olho minúsculo de um pássaro
é um livro aberto.
A porta fechada de um quarto
é um livro deserto.
Tenho escrito palavras
de muitos livros refeitos
que, surdos e quietos,
tecem límpidos e claros
os seus herméticos enredos.
Na rua leio o que soletro.
No minúsculo olho de um pássaro
não leio o que vejo,
embora pássaros e ruas
me ensinem o que percebo.
Me ensinam, por exemplo,
o desterro aberto e refeito
de todo livro relido,
se atrás da porta fechada,
refaço o seu silêncio desfeito,
releio o meu silêncio perdido.
Mário Chamie
(1933-2011)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

E POR QUE NÓS?


Dentro de todos nós
há uma casa vazia
escura ou clara
translúcida de vida e morte
cheirando memórias de tempo.

Dentro de todos nós
há uma casa vazia . . .

de pranto e de paz e de luz
de risos e de tardes plenas de azul.

Dentro de todos nós
há uma casa vazia . . .

quando os braços da noite
dizem das coisas vividas e
falam com olhos de menino travesso
como se caracóis e caretas de palhaço
enfeitassem nossos desenganos.

Dentre de todos nós
há sempre uma casa vazia . . .


Alvina Nunes Tzovenos
Palavras ao Tempo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Que Se esconde Por Trás Do Vaidoso...


Acho de extrema sabedoria o texto abaixo, define a vaidade muito bem. Para mim, por trás de um caráter imprudente, sempre existe um desgosto.
Da vaidade
Parece despropósito afirmar que o vaidoso é um medroso que não pretende o ser. Mas é certo. O vaidoso procura convencer-se de que não tem sentido para sentir-se inseguro, posto que vale mais que os outros. Mas, se tem necessidade de o estar repetindo constantemente, é porque, no íntimo, não só duvida, como está convencido do contrário. E nessa situação, seu aparente narcisismo encobre seu íntimo desconsolo. Por isso, os homens que verdadeiramente têm valor não são, nem podem ser vaidosos; em compensação, é possível que se tornem orgulhosos (o que pode ser um defeito ético, mas nada tem a ver com o medo). Há, é claro, uma vaidade profilática e uma vaidade terapêutica do medo que se tenta dissimular. Na primeira, o indivíduo quase sempre se escuda na recordação de atitudes passadas, para conseguir ânimo "antes" de enfrentar, frente a frente, a dúvida sobre sua real e atual capacidade. Na segunda, o medo já dominou, e ele tenta livrar-se, fingindo um excesso de coragem. Tal acontece, por exemplo, quando, ao caminharmos por uma estrada deserta, sentimos as garras do Medo, e, para o afugentar, adotamos atitude de fanfarrona quixotesca: gesticulamos, sapateamos, assoviamos ou cantamos, giramos nossa bengala e com ela golpeamos folhas e arbustos. Tudo isso equivale a alardear nossa despreocupação e firmeza, quando interiormente nos sentimos a ponto de fugir espavoridos. Nunca melhor aqui se pode aplicar o ditado: "Dize-me de que te gabas e te direi o que te falta".
Por isso a tua etimologia indica que a vaidade é vã, ou seja, vazia, ineficaz, inoperante. O vaidoso é no íntimo um descrente de si mesmo, do mesmo modo que o cético é um pobre vaidoso de quanto acredita saber e acreditar.

Emilio Mira y Lopes

sábado, 4 de junho de 2011

Dicas Para Viver Uma Vida Melhor...



Querido leitor, o texto abaixo é de excelente valor aos que procuram qualidade de vida, confira:
Da Satisfação da Vida
Nove são os requisitos necessários para viver-se satisfeito: saúde suficiente para que o trabalho seja um prazer; recursos suficientes para prover as necessidades; forças para enfrentar as dificuldades e vencê-las; graça suficiente para confessar nossos erros e renunciar a eles; paciência bastante para labutar ate a consecução de algum bem; caridade suficiente para levar-nos a ser úteis e prestativos com os outros; fé suficiente para tornar reais as coisas de Deus; esperança bastante para eliminar todos os ansiosos temores com relação ao futuro.
João Wolfgang Goethe

sábado, 19 de março de 2011

“Oração das Viúvas de Guerra”

 O texto abaixo é um dos textos que considero muito bonito, sei que é extenso, mas vale a pena ler. Foi extraído de um livro cristão e antigo. Não consegui achá-lo em outras fontes, por isso  digitei para compartilhar com vocês!

Em 1948 escreveu Mira Mora na folha da manhã, em 16 de maio, o seguinte:


Senhor! Ah anos que choro. As lágrimas em certas almas adquirem a consistência  das estalactites...
A minha alma é uma gruta onde a dor se fez pedra. Tudo, em torno, é frio e desolado como uma caverna onde jamais entra um raio de sol ou brinca um sopro de vento.
É como o túmulo milenar, onde voejam as recordações impalpáveis dos séculos. Estou velha, Senhor. Tão velha que já não me recordo de quando era feliz. Haverá alguém que seja feliz?...As flores que nascem no cemitério surgem espantadas, com medo, como se receassem a sorrir onde tudo é tristeza  e saudade...Se eu pudesse sorrir – a minha face teria um ritus monstruoso como o dos loucos. Entretanto, tenho apenas trinta anos, como sou desgraçada, sinto que passei além da morte. Ela, a grande silenciosa não se recorda de mim! Por quê? Porque a desejo, porque a ambiciono, porque a invoco. A morte é esquiva como mulher bonita; foge das que a cortejam. Já não sei como se pode fazer outra coisa a não ser chorar. Tenho visto crianças que riem e fazem bulha. Meu filho é uma dessas. Coitadinhas! Decerto não sabem que existe a guerra.
Bem sabeis,  Senhor, que não cometi crime algum. O meu erro, o meu grande erro foi ter não se casado com um covarde.
Os bons, os fortes, e valorosos filhos de um país  são mais ameaçados. Quem iria recrutar os enfermos? ou mobilizar ou mutilados?... A guerra é a ceifa dos moços, a terrível ceifa das almas em flor.
A morte prefere os que amam a vida. A humanidade é um trigal onde ele escolhe as espigas mais belas e mais loiras...
Depois ficam apenas destroços confusos, sem nome, como os ossos das sepulturas.... De quem é esta tíbia? E aquele crânio sem sombra de pelo? E aquela dentadura que rebrilha ao sol como se sorrisse diante da estupidez humana?
Nada mais parecido com um cadáver do que outro cadáver; a mesma imobilidade, a mesma frieza, a mesma rigidez espantosa. A palavra - tão  diversa de homem a homem- desapareceu num segundo.
O beijo- tão pessoal em cada boca – já não existe... E tudo é assim: recordações, pequenos segredos da alma, desejos e conquistas... tudo submergiu no silêncio e no nada. Não é atroz, Senhor?
A lei da morte é inflexível, mas ela tem um prazo mais ou menos certo, antes do qual é uma monstruosidade que revolta. As árvores morrem, mas somente depois de envelhecer. Cortar uma árvore carregada de frutos é um crime sem nome. Decepar uma vida cheia de sonhos, é igualmente uma aberração das leis naturais...Pois é isso que a guerra faz.
Sabeis o que é ser viúva, Senhor? É ser desamparada para sempre.
Eu poderia ter-me casado de novo, mas jamais conseguiria novamente o alvoroço daquela primeira felicidade. O dia só tem uma aurora e é o mais belo momento dele... A madrugada é tudo nos sentimentos e nos seres; por isso, decerto, a fizestes tão mimosa!
Ele chamava-se Jean, tinha apenas trinta anos e sempre com um sorriso bom para as crianças. E como amava nosso filho! Era artilheiro e foi, um dia, pelos ares, juntamente com a sua bateria. Não se salvou um só botão de sua farda, um só! Não é de enlouquecer? Recebi um telegrama do Ministério da Guerra, duas condecorações e cópias de vários elogios. E foi só... E esta saudade enorme (que é a sua verdadeira herança) que não passa nunca... E este filho que conta agora dez anos... Quando ouço falar em guerra, como agora, sinto calafrios de medo. Parece-me que vão roubar também o meu filho. Ele é ainda uma criança, mas as crianças crescem tão depressa! E haverá sempre guerra, Senhor.
Na última vez que vi o meu Jean, ia ele a desfilar, tão belo e olhando tão firme que chamava a atenção de todos.
Olhava de frente, muito de frente – como se alguém o chamasse. Seria a glória? Seria a morte? Seria a saudade? Hoje as cenas são as mesmas, com a diferença de serem as armas mais infalíveis e mortíferas. Vão mais depressa... para a morte.
Ela, a megera – que  anda tão devagar para os infelizes – corre a chamar os moços para seus braços sem carne! se ainda está em tempo de deter esta marcha apocalíptica, fazei-o por amor de vossa mãe! Todos esses rapazes têm alguém que por eles reza... e chora. A prece e as lágrimas são as duas grandes forças da Religião . Por que estas lágrimas não fazem um rio que detenha a marcha dos canhões? Por que essas preces não formam uma nuvem que impeçam o voo dos aviões?...
E este o mistério que me faz estalar o cérebro. Rios de lágrimas, nuvens de preces... será que nada disto valerá para deter a grande celerada?
Fazei-o agora, Senhor, antes que seja tarde demais...
Fazei parar esta carreta maldita que rola, sem cessar, com um ruído maior do que o oceano, dentro do meu peito cansado...
...E vós dissestes, Senhor: “Não matarás”...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Se receoso se turba na alta noite
teu peito em flor,
ao sentires um hálito em teus lábios,
abrasador,
lembra-te que invisível ao teu lado
respiro eu.
Gustavo Adolfo Bécquer

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os dez mandamentos das relações humanas!


Será que você de fato sabe se relacionar com as pessoas, aí estão as 10 dicas das relações humanas:

1. FALE com as pessoas. Nada há tão agradável e animado quanto uma palavra de saudação, particularmente hoje em dia quando precisamos mais de "sorrisos amáveis".
2. SORRIA para as pessoas. Lembre-se que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14 para sorrir.

3. CHAME as pessoas PELO NOME. A música mais suave para muitos ainda é ouvir o seu próprio nome.

4. SEJA amigo e prestativo. Se você quiser ter amigos seja amigo.

5. SEJA cordial. Fale e aja com toda sinceridade: tudo o que você fizer, faça-o com todo o prazer.

6. INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. Lembre-se que você sabe o que sabe, porém você não sabe o que outros sabem. Seja sinceramente interessado pelos outros.

7. SEJA generoso em elogiar, cauteloso em criticar. Os líderes elogiam, sabem encorajar, dar confiança, e elevar os outros.

8. SAIBA considerar os sentimentos dos outros. Existem três lados numa controvérsia: o seu, o do outro, e o lado de quem está certo.

9. PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. Três comportamentos de um verdadeiro líder: ouça, aprenda e saiba elogiar.

10. PROCURE apresentar um excelente serviço. O que realmente vale na vida é aquilo que fazemos para os outros.
                                                                                                        Dale Carnegie