sábado, 9 de julho de 2011

Por que ele matou?

 Ele começou a vida com todos os obstáculos e desvantagens clássicas. Sua mãe era uma mulher dominadora, de vontade forte, que achava difícil amar as pessoas. Casou-se três vezes e o seu segundo marido divorciou-se dela porque o espancava regularmente. O pai da criança que estou descrevendo foi seu terceiro marido. Morreu de um ataque cardíaco alguns meses antes do nascimento da criança. Em consequência, a mãe teve de trabalhar longas horas desde a mais tenra idade do filho.
Ela não deu nenhum afeto, amor, disciplina ou educação nos primeiros anos de sua vida. Até o proibiu de lhe telefonar quando estava trabalhando. Outras crianças não queriam saber dele, por isso estava quase sempre sozinho. Foi totalmente rejeitado desde pequeno. Era feio, pobre, mal-educado e detestável. Quando tinha treze anos de idade o psicólogo de uma escola comentou que provavelmente o rapaz nem sabia o significado da palavra “amor”. Durante a adolescência as meninas não queriam saber dele e ele brigava com os garotos.
Apesar de um QI alto, fracassou na escola e finalmente desistiu de estudar no terceiro ano de ginásio. Pensou que seria aceito na Marinha; eles formavam homens, é o que se dizia, e ele queria ser um homem. Mas seus problemas o acompanharam. Outros marinheiros riam dele e o ridicularizavam. Ele se defendeu, resistiu à autoridade, enfrentou a corte marcial e foi expulso da Marinha com uma dispensa desonrosa. Ali estava ele – um jovem com pouco mais de vinte anos – absolutamente sem amigos e naufragado. Era pequeno e magro. Sua voz era esganiçada como a de um adolescente. Estava ficando calvo. Não tinha talento, nem habilidade, nem valor. Nada.
Novamente pensou que podia fugir de seus problemas se fosse morar em um país estrangeiro. Mas lá também foi rejeitado. Nada mudou. Enquanto esteve lá, casou-se com uma jovem que era filha ilegítima e a trouxe de volta aos Estados Unidos com ele. Logo, ela começou a criar o mesmo desprezo por ele que todos demonstravam. Deu-lhe dois filhos, mas ele jamais desfrutou do status e do respeito que um pai deve ter.  Seu casamento continuou a esfacelar-se. Sua esposa exigia, cada vez, coisas que ele não podia lhe dar. Em lugar de aliar-se a ele contra o mundo amargo, como ele esperava, tornou-se o seu mais perverso oponente. Podia derrotá-lo nas brigas e aprendeu a intimidá-lo. Em determinada ocasião, trancou-o no banheiro para castigá-lo. Finalmente forçou-o a abandoná-la.
Tentou viver sozinho, mas sentia-se terrivelmente solitário. Depois de dias de solidão, foi para casa e literalmente implorou que ela o aceitasse de volta. Perdeu todo o orgulho. Rastejou. Humilhou-se. Aceitou suas exigências. Apesar de seu magro salário, deu-lhe algum dinheiro de presente, dizendo que podia gastá-lo como bem entendesse. Mas ela riu dele. Zombou de suas frágeis tentativas em sustentar a família. Ridicularizou seu fracasso. Zombou de sua impotência sexual diante de um amigo que estava lá. Em certa ocasião, quando as trevas de seu pesadelo particular o envolveram, caiu de joelhos e chorou amargamente.
Finalmente, em silêncio, deixou de lutar. Ninguém o queria. Ninguém o quisera. Talvez fosse o homem mais rejeitado da atualidade. Seu ego jazia despedaçado, feito pó!
No dia seguinte, tornou-se um homem estranhamente diferente. Levantou-se, foi à garagem e apanhou uma espingarda que escondera ali. Levou-a consigo para o emprego, que acabara de arranjar, em um depósito de livros. E de uma janela do terceiro andar daquele prédio, logo depois do almoço, no dia 22 de novembro de 1963, atirou duas balas que esfacelaram a cabeça do Presidente John Fitzgerald Kennedy.
Lee Harvey Oswald, o rejeitado, o detestável fracasso, matou o homem que, mais do que qualquer homem na face da terra, personificava todo o sucesso, beleza, riqueza e amor familiar que lhe faltavam. Ao disparar aquelas balas, utilizou a única habilidade que adquirira em toda a sua miserável vida.
Os problemas pessoais de Oswald não justificam seu comportamento violento, é claro, e eu não tentaria absolvê-lo da culpa e responsabilidade. Mas uma compreensão de seu tormento interior e sua confusão ajuda-nos a vê-lo, não só como um perverso assassino, mas também como um homem digno de dó e derrotado em que se transformou. Em cada dia de sua vida, desde os solitários dias da infância até o momento televisionado de sua morte espetacular, Oswald experimentou a consciência esmagadora de sua própria inferioridade. Afinal, como geralmente acontece, sua angústia transformou-se em ira.
A maior das tragédias é que a situação angustiosa de Lee Harvey Oswald não é coisa fora do comum no mundo de hoje. Enquanto outros talvez reajam menos agressivamente, esta mesma percepção consumidora, de insuficiência, pode ser encontrada em todos os caminhos da vida- em cada vizinhança, em cada igreja e no ambiente escolar. É particularmente verdadeiro quanto aos adolescentes de hoje. Tenho observado que a grande maioria dos que estão entre os doze e os vinte anos de idade sentem-se amargamente desapontados com o que são e o que representam. Em um mundo que adora os “super-stars” e os homens-milagres, olham no espelho à procura dos sinais de grandeza, encontrando apenas um caso terminal de acne. A maioria desses jovens desanimados não admitirá o que sente porque dói reconhecer esses pensamentos íntimos. Oswald jamais tornou públicas as dúvidas que tinham de si mesmo e a sua solidão – nem lhe teríamos dado ouvidos se o fizesse. Assim, grande parte da rebeldia, insatisfação e hostilidade dos adolescentes emana dos sentimentos avassaladores e incontroláveis de inferioridade e incapacidade que, raramente, encontram expressão verbal.
Os adolescentes não estão de modo nenhum sozinhos nesta desvalorização pessoal.  Cada idade apresenta suas ameaças próprias e únicas ao amor próprio. Como pretendo discutir, as criancinhas sofrem tipicamente de uma severa perda de status durante os mais tenros anos de infância. Do mesmo modo, a maioria dos adultos ainda está tentando conviver com a inferioridade experimentada no começo da vida. E estou convencido que a senilidade e a deteriorização mental no fim da vida frequentemente resultam da crescente percepção que os idosos experimentam de que estão vivendo em um mundo exclusivamente de jovens; no qual rugas, dores lombares e dentaduras são assuntos de zombaria; onde suas ideias estão fora de moda e sua existência infinita é um peso. Este sentimento de inutilidade é recompensa especial que reservamos para os sobreviventes da vida, e não me surpreendo que os idosos frequentemente “desliguem-se” intelectualmente.
Assim, se o sentimento de incapacidade e inferioridade são tão universalmente dominantes em todas as idades da vida atual, temos de nos perguntar “por quê” ? Por que nossos filhos não podem crescer aceitando-se como são? Por que tantos sentem que não são amados e que são detestáveis? Por que nossos lares e escolas produzem mais desespero e autodesprezo em lugar de confiança, calma e respeito?
Extraído do livro “Esconde-Esconde” do Dr. James Dobson

P.S_ Sei que existem controvérsias quanto ao verdadeiro autor da morte do presidente, de qualquer forma o texto acima serve de reflexão para construção da imagem adulta!

9 comentários:

  1. Olá estimado Denilson,

    Falta de amor - um cancro dos tempos modernos.
    Nova música? Suave e repousante.

    Beijos com amor fraterno e de luz.

    ResponderExcluir
  2. Boa noite estimado Denilson,

    Agradeci no meu blog, o seu comentário.
    Finalidade: fazê-lo voltar ao meu espaço.
    Li, de novo, o texto por si postado e dá que pensar.
    Quão importante é o amor em todas as suas vertentes!
    Decerto, que terá muita gente a querer relaxar no seu divã, com música de fundo bem calma, e com psicanalista por perto.
    Posso candidatar-me? Eu sei, que há lista de espera, mas sou paciente e tenho paciência.

    Beijos de afecto e de luz.

    ResponderExcluir
  3. Alma ferida, por falta de amor, paz, solidariedade, amor próprio, tudo isso gera essas violências que às vezes está além da nossa capacidade de entender.
    Beijokas doces denilson

    ResponderExcluir
  4. Doce Luz, você já faz parte deste divã. Ótima "paciente"!
    Sim, a falta de amor explica as atrocidades!
    Vinde, repousai sobre meu divã, ouvi esta canção amena!
    Beijos repousantes

    ResponderExcluir
  5. Grande Marly, que nosso amor alcançe vidas e dissipe as violências!
    Beijocas doces para você também!

    ResponderExcluir
  6. Por mais que sejam grandes essas sensações de desprazer e insatisfação, os jovens pode sobreviver a elas. Felizmente, os exemplos, se colocados na balança, a farão pender para a superação.

    ResponderExcluir
  7. Sim, mas para isso, são necessários bons exemplos daqueles que servem de referencial a eles!
    Abraços

    ResponderExcluir
  8. A falta de amor, carinho, atenção... destrói qualquer se humano.

    Parabéns pelo seu blog.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  9. A falta de amor, carinho, compreensão... destrói qualquer ser humano.

    Parabéns pelo seu blog.

    Abraço!

    ResponderExcluir